Para Simone Quadros, coordenadora do CEP do Pão dos Pobres, é fundamental investir em uma educação que conduza a juventude para a continuidade da sua formação
O que devolve a esperança para o jovem? Essa é uma pergunta que intriga os educadores que vivem o dia a dia de adolescentes e jovens em situação de risco social. O jovem aparece não apenas como envolvido na prática criminosa, mas também como vítima.
Levantamento feito pela editoria de Segurança de ZH aponta que desde 2011, mais de 750 jovens foram assassinados em Porto Alegre. O abandono afetivo da base familiar somado à ligação com grupos organizados em torno de mercados ilegais, que se utilizam da violência como forma de controle, coloca o jovem na condição de ser socializado de forma perversa.
Um em cada quatro alunos que inicia o Ensino Fundamental no Brasil abandona a escola antes de completar a última série.
Na busca por respostas sobre o que fazer para afastar o jovem da criminalidade, identificamos algo comum entre os envolvidos: o abandono escolar. Nesse caso, os índices brasileiros de evasão escolar reforçam o fato de o país apresentar um panorama favorável à desesperança dos jovens e, consequentemente, ao seu envolvimento com a violência extrema.
Uma pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), realizada em 2013, mostrou que um em cada quatro alunos que inicia o Ensino Fundamental no Brasil abandona a escola antes de completar a última série. Sair do Ensino Fundamental e ingressar no Médio é um passaporte para o futuro, derrubando em mais de 50% a possibilidade de o jovem entrar para a criminalidade, pois é um caminho para ele conhecer a profissionalização.
Preocupante também é a pequena oferta de vagas em cursos profissionalizantes para esse grupo de risco. Exemplo do interesse do jovem por uma saída por meio do trabalho é o que acontece anualmente no período de inscrições para os cursos da Fundação O Pão dos Pobres, em Porto Alegre. Para o primeiro semestre de 2018, inscreveram-se 2.019 jovens para 200 vagas do Centro de Educação Profissionalizante (CEP) da instituição. Onde estarão no ano que vem os 90% que não vão entrar?
Investir em uma educação que conduza a juventude para a continuidade da sua formação é fundamental para gerar um sentido para a vida e recuperar a esperança desses jovens em dias melhores, tendo a profissionalização como caminho.